Ao longo do século XX, o intelectual foi uma inteligência crítica que afirmava a verdade contra o poder. Zola, Orwell, Arendt, Sartre e Pasolini, para citar apenas alguns, encarnaram essa figura em diferentes momentos. Hoje, essa palavra perdeu sua aura e designa sobretudo os personagens que invadem os nossos canais televisivos. Segundo Enzo Traverso, esse crepúsculo tem várias razões: o fim das utopias do século XX, a guinada conservadora dos anos 80, a mercantilização da cultura, as desilusões de uma geração. Em um mundo «pós-ideológico» onde a política se nutre cada vez menos de ideias, o intelectual foi substituído pelo«especialista» a serviço dos poderosos e do especialista em comunicação. Os movimentos sociais ficaram órfãos. Nesse novo cenário, no entanto, o pensamento dissidente não desapareceu. Enzo Traverso capta os sinais que anunciam uma nova articulação entre produção de conhecimento, crítica do poder e empenho político. Um balanço e um desejo de reinventar o intelectual do nosso século.
Acompanhe a playlist sobre o livro Onde foram parar os intelectuais? produzida por Erika Ziller, no Spotify: