«Sempre supus que essa resistência pluriforme à arte e ao espírito mais refinado, por parte de um povo que se vangloria de seu amor à arte, não fosse mais do que estupidez, de um gênero particular talvez, uma estupidez artística ou afetiva especial, mas que se manifesta de modo que o que denominamos estética também seja uma estupidez estética; e hoje também não vejo muitos motivos para manter distância dessa concepção. É claro que não se pode atribuir somente à estupidez todas as deformações de um desejo tão humano como a arte; é preciso, especialmente como as experiências dos últimos anos ensinaram, atribuí-las também a tipos distintos de falta de caráter. Mas não se pode objetar que o conceito de estupidez não tem nada a procurar aqui porque se refere ao intelecto e não aos sentimentos, e a arte, ao contrário, depende destes. Isso seria um erro. Mesmo o prazer estético é julgamento e sentimento.»
A nova edição de Sobre a estupidez está no prelo e será publicada em 29/05