Escrito como um murmúrio, à baixa voz, Sim é sim renova o discurso sobre a sexualidade e os abusos, e faz isso de uma forma deliberadamente inacabada, errante, prenhe de dúvidas. Originalmente concebido como um monólogo teatral para a Schaubühne de Berlim, este texto de Carolin Emcke não cessa de se interrogar sobre a violência que se esconde por trás de gestos geralmente vistos como sem importância e tem seus discursos demasiadas vezes abafados. Qual é a relação entre ação criminal e discurso? Como imaginar e criticar algo que não ousamos sequer mencionar? Será realmente coisa de pessoas ingênuas, que provocaram isso, esperar não sofrer violência do próximo? Não se tornar objeto? O que fazer quando quem sofre a violência é um amigo? Existe uma atitude correta e devemos nos envergonhar por não tê-la tomado? É possível eliminar a vergonha e reencontrar o desejo? Em um livro que trata do poder em sua relação com as mais variadas dependências afetivas e que revela os paradoxos que a violência é capaz de criar, Emcke alarga e torna mais complexo o olhar sobre os abusos, mostrando quão múltipla e intricada é a relação que liga sexualidade, verdade e discurso, e quão dolorosa é a fratura que se abre entre o tapa e «o silêncio sobre o tapa».