Poucas vezes, como neste livro, a dor se torna carne viva e incandescente, um relato honesto de uma experiência que nasce autobiográfica e que logo se prova universal. Simona Vinci mergulha nos próprios medos e vai em busca de palavras por meio das quais confessá-los. A ansiedade, o pânico e a depressão são frequentemente silenciados: aquele que os sente se percebe isolado dos outros, impossibilitado de pedir ajuda. Mas é apenas ao aceitar «refugiar-se no mundo» e compartilhar a própria experiência que se sobrevive. A segurança do consultório do psicólogo, e a do cirurgião plástico, que devolve dignidade a um corpo do qual se envergonha, a apreensão da maternidade, a fúria da juventude, até a ruptura inicial por meio da qual possivelmente tudo começou. Escavando dentro de si mesma, Simona Vinci nos estende um espelho que também nos reflete. Ela se entrega às palavras porque «as palavras nunca me traíram». Porque na literatura, ao menos quando nela se assume uma voz assim tão clara e forte, todos nós podemos encontrar redenção.
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