Escola de aprendizes

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«O problema da educação é o de um relógio que precisa ser consertado enquanto não pode ser detido. Seu tempo já começou e cada curso que começa, assim como cada vida que chega, já está sempre em andamento. Como pode chegar um tempo diferente a um relógio que não se detém? Como pode surgir um ‘homem novo’ na cidade onde já estamos vivendo? Quem poderia ser o ‘primeiro’, se já é sempre o filho de decisões que não tomou e se inscreve em relações que não escolheu e que o condicionam? Na escola de aprendizes nunca há um primeiro dia, mas sempre um dia seguinte. O lugar no qual podemos nos encontrar para chegarmos a ser aprendizes e perguntarmos a nós mesmos, juntos, como queremos ser educados, não é um laboratório nem uma fábrica onde se produzem seres livres. Na escola de aprendizes, libertar-se da servidão não é um produto ou um resultado final. Não é começar do zero, mas sim pôr em tensão os limites de qualquer aprendizado: como aprender livremente quando nossa vida não é absolutamente livre? Como sermos acolhidos pelos que já estão, sem alienar a própria liberdade?»

 

O livro está em pré-venda e será lançado em 01/07/2023

A educação é o substrato da convivência, a oficina onde se experimentam as formas de vida possíveis. Por isso, o capitalismo cognitivo levou a sério a tarefa de atacar todos seus campos: a educação formal e a informal, os recursos, as ferramentas e as metodologias. A presencialidade e a virtualidade. A infância e a formação ao longo da vida. A educação não é apenas um grande negócio. É um campo de batalha no qual a sociedade reparte, de forma desigual, seus futuros. Os pedagogos dizem que é preciso mudar tudo, porque o mundo mudou para sempre. Tal afirmação esconde as perguntas que nos provocam mais medo: para que serve saber quando não sabemos como viver? Para que aprender quando não podemos imaginar o futuro? Essas perguntas são o espelho no qual não queremos nos olhar. Sentimos vergonha de não termos respostas, e é mais fácil disparar contra professores e educadores. Como queremos ser educados? Essa é a pergunta que uma sociedade que queira olhar-se de frente deveria atrever-se a compartilhar. Envolve todos nós. Todos somos aprendizes na oficina onde se experimentam as formas de vida possíveis. Educar não é aplicar um programa. Educar é acolher a existência, elaborar a consciência e discutir os futuros. Dentro e fora das escolas, a educação é um convite: o convite a assumir o risco de aprendermos juntos, contra as servidões do próprio tempo.

Marina Garcés
Marina Garcés, (Barcelona, 1973) filósofa, é professora na Universidade de Zaragoza e participa de vários projetos coletivos de experimentação pedagógica, cultural e social.
Peso 500 g
Dimensões 20 × 10 × 1 cm
Tradutora

Tamara Sender

Número de paginas

240

ISBN

978-65-5998-061-1

Ano

2023

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