Aos 25 anos, em 1934, Simone Weil escreveu essas «Reflexões», um verdadeiro talismã que deveria proteger qualquer pessoa que fosse forçada a atravessar a imensa massa de mentiras que circunda a palavra «sociedade». Weil foi a primeira a dizer com perfeita clareza que o homem se emancipou da servidão à natureza apenas para se submeter a uma opressão ainda mais sombria, ainda mais caprichosa e incontrolável: aquela exercida pela própria sociedade, pois parece «que o homem não consegue aliviar o jugo das necessidades naturais sem agravar na mesma proporção o jugo da opressão social, como pelo jogo de um misterioso equilíbrio». Mas, como sempre em Weil, o olhar é tão preciso exatamente porque vai além do presente imediato e percebe uma imagem inabalável do Bem, em relação à qual julga o mundo. É um olhar que nos permite «fugir do contágio da loucura e da vertigem coletiva, reatando, por conta própria, acima do ídolo social, o pacto original do espírito com o universo».