Sobre a estupidez

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«Sempre supus que essa resistência pluriforme à arte e ao espírito mais refinado, por parte de um povo que se vangloria de seu amor à arte, não fosse mais do que estupidez, de um gênero particular talvez, uma estupidez artística ou afetiva especial, mas que se manifesta de modo que o que denominamos estética também seja uma estupidez estética; e hoje também não vejo muitos motivos para manter distância dessa concepção. É claro que não se pode atribuir somente à estupidez todas as deformações de um desejo tão humano como a arte; é preciso, especialmente como as experiências dos últimos anos ensinaram, atribuí-las também a tipos distintos de falta de caráter. Mas não se pode objetar que o conceito de estupidez não tem nada a procurar aqui porque se refere ao intelecto e não aos sentimentos, e a arte, ao contrário, depende destes. Isso seria um erro. Mesmo o prazer estético é julgamento e sentimento.»

 

A nova edição de Sobre a estupidez está no prelo e será publicada em 29/05

Este ensaio de Musil, que é considerado um dos seus mais importantes, nasce de uma conferência. Em 1937, a convite da Federação Austríaca do Trabalho, Robert Musil profere uma penetrante e arguta conferência sobre o tema da estupidez. Sobre a estupidez, afirma Musil, neste ensaio, as pessoas geralmente preferem não falar, não discutir: «O domínio violento e vergonhoso que a estupidez exerce sobre nós é revelado por muitas pessoas ao demonstrarem-se surpresas de maneira amável e conspiratória quando alguém, a quem confiam, pretende evocar esse monstro pelo nome»

Robert Musil
Robert Musil nasceu em 1880, a Klagenfurt. Fez seus estudos secundários no colégio militar de Mährisch-Weisskirchen (Hranice, hoje, na República Checa), onde ele ambienterà O Jovem Törless (1906). Após a guerra trabalhou para o Ministério das Relações Exteriores austríaco. A partir de 1923 dedicou-se exclusivamente à literatura, trabalhando como crítico teatral, romancista e ensaísta. Em 1931, se transfere para Berlim, mas em 1933, com o advento do nazismo, retorna a Viena. Em 1938, após a anexação da Áustria, emigrou para a Suíça. Musil morre em Genebra em 1942. Em 1943 é publicada a última parte da sua obra-prima inacabada O Homem Sem Qualidades.
Peso 191 g
Dimensões 14,8 × 10,2 × 0,8 cm
Tradução

Simone Pereira Gonçalves

Revisão

Daniela Lima

Preparação

Maria Fernanda Alvares

Capa

Julia Geiser

Ano de publicação

2016

Páginas

62

ISBN

978-85-92649-10-4

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