Em uma época marcada pelo culto à perfeição e à solidez a todo custo, a filósofa francesa Claire Marin nos lembra que um vínculo que se desfaz é sempre uma ruptura dolorosa — somos todos seres quebrados. É isso que nos torna humanos. Nossa vida é ritmada pela experiência da perda. Os amores, as amizades, os empregos, as situações, as próprias vidas: tudo chega ao fim. E, nesses momentos, nossas certezas são abaladas, a «carne do mundo« se rasga.
Mas essas experiências inevitáveis precisam ser integradas à nossa identidade — que só aparentemente é unitária e constante. Elas nos obrigam a encarar a insegurança inerente à existência, a lidar com os escombros daquilo que pensávamos ser e a viver, de fato.