A primeira coisa que Marishka fazia todas as manhãs era recolher os ovos de onde quer que as galinhas os tivessem botado no feno do celeiro e apanhar o balde de leite do alpendre deixado pelo menino que ordenhava a vaca. Ela então soprava as brasas no fogão para atiçar o fogo, arrancando algumas páginas do último livro que estivesse lendo para ajudar.
Eu a tinha convencido a ler livros, e lhe dado um exemplar de Orgulho e preconceito traduzido para o romeno – Mîndrie si Prejudecată. No começo ela achou que eu estava brincando.
«Experimenta», eu disse, «Você pode gostar. De qualquer modo, vai aprender alguma coisa sobre o ridículo povo inglês.»
«Eu não leio livros.»
Mas ela sabia ler, e um dia ela o pegou, o virou nas mãos e começou a ler. Depois de alguns dias ela estava fazendo comentários. Eu me divertia com a sua indignação.
«Darcy é tão arrogante», ela disse ao terminar um capítulo, largando o livro.
Mas à medida que lia, o exemplar ficava cada vez mais fino conforme ela arrancava páginas para acender o fogo. A natureza móvel e transitória das coisas estava em seu sangue. Ela viajava nos livros como em uma jornada, e quando os terminava, eles não estavam mais lá. A ideia de livros como relíquias para gerações futuras são para pessoas estabelecidas. Para ela, eles eram momentos passageiros de prazer, como dançar.